terça-feira, dezembro 29, 2009

Mau Tempo no Oeste

O Oeste - especialmente os concelhos de Torres Vedras e Lourinhã - foi fustigado pelo mau tempo na época natalícia, com um turbilhão de vendavais, que destruíram plantações, arrancaram telhados, provocaram inundações, deitaram abaixo árvores e postes de electricidade, de baixa, média e alta tensão, etc.

Estes últimos acabaram por ser os que mais falta fizeram às populações locais, que foram forçadas a recuar quarenta e cinquenta anos e a passarem o Natal à luz da vela e com os velhos candeeiros a petróleo.

À distância, pode parecer poético e nostálgico, passar o Natal desta forma, de volta às lareiras e às conversas em família, sem a habitual interrupção da televisão. Mas deve ter sido tão estranho, passar vários dias sem a companhia dos novos meios de comunicação (sim, a "net" também) e sem poder desfrutar das iluminações de Natal e do conforto da modernidade...

O que é certo, é que às vezes fazem bem alguns "apagões", para desenferrujar a língua e abrir uns sorrisos esquecidos, aqui e ali...

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Um Poema do Poeta-Mor do Oeste


Nada melhor para comemorar esta quadra festiva, que um poema de Manuel Alegre, poeta-mor do Oeste.
Boas Festas para Todos.

NATAL

Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.
Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.

Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.

Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.

Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.

O Palacete da Família Pinto Basto

A vila das Gaeiras, do concelho de Óbidos, encerra vários espaços únicos.
Um deles, é o Palacete da família Pinto Basto.
Palacete que só conheço do exterior.
Imagino a sua beleza interior...

sábado, dezembro 19, 2009

Luiz Pacheco e as Caldas


Por José do Carmo Francisco

«1 Homem dividido vale por 2» - Luiz Pacheco

Trata-se de um livro duplo: além do material respeitante a Luiz Pacheco (o autor) as suas 378 páginas integram a bibliografia completa de Pacheco (o editor). Entre outros a Contraponto de Luiz Pacheco editou Apollinaire, Raul Brandão, Alfonso Castelao, Camilo Castelo Branco, Mário Cesariny de Vasconcelos, Natália Correia, Dostoiewski, Hélia Correia, Manuel Grangeio Crespo, Durrenmatt, António Ferreira, Garrett, Vergílio Ferreira, Carlo Goldoni, Herberto Hélder, Ibsen, Ionesco, Karl Jaspers, Kleist, Manuel Laranjeira, Raul Leal, Manuel de Lima, António Maria Lisboa, António Tavares Manaças, José Alberto Marques e Virgílio Martinho.
No que diz respeito a Pacheco (personagem) o outro lado do livro refere uma curiosa ligação afectiva a Caldas da Rainha: «Não me julguem que chegado a esta terra como náufrago ou foragido (e alguns sabem-no) sou aqui um tipo género pára-quedista. Por acaso, sou muito mais Caldense que muitos que por cá nasceram ou vivem – e isto bastantes o sabem já. Um dia espero contar como cheguei, quem já conhecia; quem já não vim encontrar e me fez deambular, meio-sonâmbulo, ensimesmado, pelas áleas do cemitério: a Dona Eugénia Soeiro de Brito, o Pai Freitas, o dono (como se chamava? Tiago?) do Gato Preto; o Jaime Arsénio de Oliveira e outros fantasmas mais. E aqueles que vim a conhecer, me deram a mão, ficaram Amigos ou malquistos e enchiam esta página. As minhas memórias de caldense adoptivo dariam um rico volume, se o chegar a escrever. E se não sair em letras está-me escrito na pele.»
(Editora: D. Quixote – Biblioteca Nacional, Comissário: Luís Gomes)

quinta-feira, dezembro 17, 2009

O Café Bocage

O Café Bocage agora é cafetaria.
São sinais dos tempos, mas pelo menos resiste, no alto na Praça da República, a sempre popular Praça da Fruta das Caldas...
Sempre achei curioso este café, não sei se pelo nome, nesse tempo mais associado ao "herói" das anedotas (sim, herói, era um vencedor, ludibriava tudo e todos, inclusive franceses, alemães e americanos, os cromos mais difíceis de se deixarem levar...) que ao poeta das palavras proibidas.
Quando somos jovens, não paramos muito em cafés, gostamos mais da rua.
É por isso que todas as "tertúlias" de café caldenses, não fazem parte do meu imaginário...

terça-feira, dezembro 08, 2009

Quase Jardim Interior

Estava a ver algumas fotografias quando parei nesta, que tirei na última vez que visitei Salir de Matos, ainda na Primavera.

A fotografia não ficou muito boa porque foi tirada do muro, porque todo aquele espaço pertence agora à paróquia local e não quis passar por "invasor"...
É uma parte do pátio da casa dos meus avós maternos e aquele telheiro interior foi sempre um lugar especial para nós. Permitia-nos brincar em pleno Inverno, ao som da chuva que caia ali mesmo ao lado.
Como o chão era de areia, podíamos fazer buracos (sem exageros, claro...) e construir estradas para os nossoa carrinhos, ou jogar ao berlinde...
Claro que muitas vezes acabávamos por inventar outras brincadeiras, com a água da chuva, acabando por nos molhar e ouvir a avó...
Ainda hoje sinto que havia algo de "mágico" naquele lugar, aberto, mas protegido do rigores do Inverno e do Verão...

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Quase pausa nas "Viagens"...

Tenho escrito cada vez menos por aqui.

Não há grandes explicações. Digo eu.
Embora este 2009 tenha sido o ano que fui menos vezes às Caldas.
Mas se me esforçar, sempre encontro várias razões. Além de ter tido menos disponibilidade de tempo (sem esquecer os custos de uma viagem de carro, de ida e volta, sozinho às Caldas... gasolina e portagens é coisa para se aproximar dos 40 euros, um luxo nos dias que correm...),também tive menos motivos para aparecer...
Por outro lado, como cá em casa não morrem de amores pelo Oeste, também me vou rendendo.
Mas acho que em 2010 vou voltar mais vezes, apenas porque sim...
Esta fotografia primaveril de S. Martinho do Porto, serviu para provar que nem sempre por aqueles lados, "o diabo anda à solta", espalhando aquela areia fina (que detesto) por todo o lado, como se estivéssemos no deserto do Sahara...